O governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vem tentando de diversas maneiras, como por exemplo, a impressão prévia de provas e ainda a análise do banco de questões por comitês externos ao Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), no intuito de controlar o conteúdo do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Alguns servidores chegaram, inclusive, a pedir exoneração do órgão federal afirmando que está havendo pressão para que questões do exame sejam trocadas.
Depois disso, de acordo com informações apuradas pelo Estadão, já houve a supressão de alguns itens considerados “sensíveis” na prova que está prevista para ser realizada nos dias 21 e 28 deste mês.
De acordo com informações passadas por pessoas ouvidas pela reportagem, ao menos 24 questões foram subtraídas do exame após uma “leitura crítica”, já que as mesmas foram consideradas “sensíveis”. No entanto, pouco tempo depois, 13 destas questões voltaram a ser incluídas, porém, 11 delas continuaram vetadas.
Para que fosse realizada essa análise profunda das questões do exame, servidores do Inep tiveram que fazer a impressão de uma prova dentro da conhecida sala segura do órgão, procedimento que, vale destacar, não precisou ser adotado em exames anteriores.
O diretor de Avaliação da Educação Básica do Inep, Anderson Oliveira, foi o responsável por examinar a 1ª versão do Enem de 2021. Vale lembrar que ele está no cargo desde maio deste ano.
Após a análise, comissões de montagem do exame chegaram a sugerir mais questões para substituir as 24 que foram consideradas “sensíveis”, no entanto, desta forma o Enem acabou descalibrado e foi por isso que algumas perguntas tiveram que ser inseridas novamente na prova.
De acordo com informações apuradas pelo Estadão, no ano passado, o ex-comandante do Centro de Comunicações do Exército, o general da reserva Carlos Roberto Pinto de Souza, também entrou na sala segura para analisar as questões do Enem.
Apenas neste mês de novembro, já foram 37 pedidos de exoneração realizados por servidores do Inep. Nestes pedidos, foi denunciada uma suposta pressão interna. Além disso, também os servidores também destacaram a “fragilidade técnica” da autarquia que é responsável pela avaliação do governo.
Na segunda-feira, 15, o presidente chegou a afirmar que a partir deste ano o Enem passa a “ter a cara” do governo.