Em meio à pandemia, período em que as aulas escolares foram paralisadas e, assim, as crianças passaram a ficar mais tempo em casa, o consumo de vídeos explodiu em todo o mundo. Contudo, em Portugal, esse maior tempo dos pequenos em frente a vídeos publicados na web acabaram causando um fenômeno inusitado: crianças portuguesas passaram a usar diversas expressões e até mesmo o sotaque do português do Brasil. Isso acontece, porque há mais youtubers brasileiros do que portugueses divulgando conteúdo para os pequenos.
Não demorou muito até que o assunto começasse a ser repercutido por meio do Twitter, principalmente, após uma thread de Adriano Brandão, que enfatizou destaques da reportagem realizada pelo Diário de Notícias (de Portugal) e ainda fez comentários irônicos sobre a abordagem.
O Diário entrevistou a pequena Laura, por exemplo, que está com 3 anos e começou a ter acesso a conteúdos brasileiros desde muito cedo. Recentemente, ela foi a uma atração do youtuber brasileiro Luccas Neto, em Portugal, e, segundo o pai, Jaime Pessoa, a pequena sempre dá preferência aos conteúdos brasileiros ao invés de portugueses.
Vale destacar que Luccas Neto é considerado um dos maiores youtubers do Brasil quando o assunto é agradar aos pequenos. Diante disso, milhares de crianças portuguesas assistem ao conteúdo do youtuber, por meio de celulares, tablets ou computadores.
Como resultado, Laura não diz ter visto um “polícia”, mas sim um “policial”, por exemplo. Inclusive, já chegou a pedir uma “bala” no supermercado, no lugar de “rebuçado”, fato que foi encarado por sua mãe, Ana Marques, como um “sinal de alarme”. Depois disso, a mãe contou ter percebido que não poderia mais deixar a filha sozinha com o tablet, já que, mesmo demonstrando ser muito autônoma, ela ainda é muito pequena.
Outra criança entrevistada pelo Diário de Notícias, António, tem a mesma idade que Laura, e deu sinais de alerta já há algum tempo. De início, a família chegou a encarar como uma brincadeira a forma de falar do menino, já que ele usa muitas expressões brasileiras. No entanto, no decorrer do tempo, a professora dele começou a demonstrar preocupação. Alexandra Patriarca, mãe de António, conversou com o DN e disse que todo o discurso do filho é como se ele fosse brasileiro, tanto que ele, inclusive, já frequenta sessões de terapia da fala.