Na semana passada, o presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) expôs uma criança fardada que estava portando a réplica de uma arma de fogo em um ato político. Depois disso, em conversa com a BBC News Brasil, Luis Ernesto Pedernera, que integra a equipe do Comitê de Direitos das Crianças das Nações Unidas (ONU) e é ex-presidente do órgão, afirmou que a atitude de Bolsonaro “significa um retrocesso de vinte anos”.
O marco de vinte anos em que Luis Ernesto se refere é o ano de 2002, quando entrou em vigor um protocolo da Convenção de Direitos das Crianças a respeito do envolvimento de crianças em conflitos armados.
Na conversa, Pedernera disse ser “extremamente sensível” promover imagens ou atitudes que acabaram retrocedendo muitos anos. Diante disso, ele destacou que o protocolo facultativo entrou em vigor há 20 anos, por isso, a imagem de Bolsonaro com a criança significa um retrocesso.
Durante a cerimônia de lançamento da pedra fundamento do Centro Nacional de Vacinas, que aconteceu no dia 30 de setembro, o presidente colocou ao seu lado um menino de apenas 6 anos que, além de estar fardado, também portava a réplica de uma arma de fogo.
E mais, no evento, que aconteceu em Belo Horizonte, Bolsonaro chegou, inclusive, a erguer o menino em seus ombros e a cumprimentar seus pais como exemplo de respeito, patriotismo e civilidade.
Ao ver de Luis Ernesto Pedernera, a atitude do chefe do Executivo não ajuda a promover uma cultura de respeito aos direitos humanos.