No momento mais delicado da pandemia no Brasil, 20 das 27 capitais atingiram pelo menos 80% nas taxas de ocupação de leitos de UTI covid-19. Segundo boletim divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), cinco das sete capitais restantes estão com taxas superiores a 70%. Essa situação de iminente colapso levou o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) defender a adoção imediata de lockdown nos Estados em que a ocupação dos leitos de covid-19 tenha alcançado mais de 85%. Muitos já adotaram medidas restritivas e, segundo a Mobilização dos Médicos e Psicólogos Especialistas em Trânsito, a restrição de circulação também reduz o número de acidentes de trânsito.
O coordenador da Mobilização e diretor da Associação Mineira de Medicina do Tráfego (AMMETRA), o médico Alysson Coimbra, explica que, historicamente, 60% das vagas de UTI da rede pública e privada são usadas para atender vítimas de acidentes. “A restrição da circulação de pessoas provoca a redução de veículos nas ruas e, por consequência, do número de acidentes de trânsito. Esse cenário contribui para reduzir a sobrecarga do sistema de saúde, aumentando a disponibilidade de leitos, de profissionais de saúde e de recursos para usar com outros pacientes”, afirma o médico.
A situação também é grave em Minas Gerais, que já contabiliza 19.032 mortes e 901.535 casos da doença. Há ainda 60.825 pacientes que continuam em acompanhamento. “Em Minas, onde o governo implantou a chamada ‘onda roxa’ em 60 cidades das regiões Noroeste e Triângulo Norte, a medida pode reduzir os acidentes e ajudar a evitar o colapso total da saúde, uma vez que os hospitais de urgência e emergência já estão sobrecarregados principalmente nas suas unidades de terapia intensiva”, avalia o médico.
O lockdown, segundo cientistas e entidades médicas, é essencial para frear o avanço da doença e o colapso no sistema de saúde. Nesta quarta-feira, o Brasil bateu um novo recorde de mortes provocadas pela doença, com 1.840 casos em 24 horas. Até a tarde desta quinta-feira, o Brasil contabilizava 259.271 mortes e 10.718.630 de casos da doença.
“Diante desse cenário, é fundamental que as determinações sanitárias sejam obedecidas. Quem puder, deve evitar sair de casa. E se tiver que sair, o recomendado é atenção redobrada não só em relação às medidas de proteção contra a covid-19, mas também em relação à segurança no trânsito. Quanto menos acidentes, melhores são as chances de quem necessita ter um atendimento de urgência adequado à gravidade que uma pandemia exige. Sua prudência no trânsito salva mais vidas do que você imagina”, finaliza o médico.