Transferência mal feita de Manaus para o Rio agrava saúde e pode ter levado a óbito paciente de Covid

Um dos infectados chegou ao Rio com oxigênio quase zerado e foi internado em enfermaria “Não Covid”.

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A falta de planejamento na transferência de pacientes de Manaus para o Rio está provocando o agravamento considerável de saúde de diversos pacientes. Um deles, inclusive, veio à óbito em menos de 24 horas. 

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De acordo com profissionais da saúde do Rio, a falta de planejamento adequado é o principal motivo causador desses problemas. Isso englobaria transferências sendo realizadas sem comunicação prévia, o que impossibilita receber o paciente de forma adequada com todos os protocolos necessários, por exemplo, de segurança sanitária. Esses mesmos profissionais revelam que a desorganização da logística de transferência que vem sendo realizada com os pacientes oriundos de Manaus estaria colocando suas vidas em risco. 

A falta de direcionamento em relação ao cumprimento desses protocolos assistenciais tem resultado, até mesmo, na transferência de pacientes de um estado para o outro sem comunicado prévio às próprias famílias dos infectados, o que é classificado como um caos dentro desse contexto de pandemia.

O problema revela uma falta absurda de comunicação entre as autoridades sanitárias dos dois estados, justamente quem deveria atentar sobre a regulação de todo esse processo. Esse trabalho, sendo feito desta forma totalmente incompetente, tem dificultado inclusive a escolha dos hospitais adequados que devem acolher esses pacientes em sua chegada ao Rio.

“Em razão da falta de estruturação oportuna do Hospital Federal do Andaraí, houve necessidade de transferência de quatro pacientes para leitos de terapia intensiva de unidade estadual sem planejamento prévio, o que compromete, por certo, a assistência prestada”, relataram.

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Em razão das denúncias, órgãos como o Ministério Público Federal e a Defensoria Pública do Rio oficializaram por meio de um documento o Ministério da Saúde alertando a falta de planejamento. No documento, é exposto de forma clara o agravamento do quadro de saúde de pacientes durante a troca de estado. Erros e falhas grotescas vem sendo cada vez mais sinalizadas pelos profissionais de saúde, como por exemplo a péssima condição de transporte que vem desestabilizando estes pacientes e inviabilizando avaliações clínicas corretas. Um dos pacientes chegou a morrer nas primeiras 24 horas após deixar Manaus e seguir para o Rio de Janeiro.

“O relato técnico é de que o paciente chegou ao Hospital Federal dos Servidores com “dessaturação importante”, “bala de oxigênio do transporte quase vazia” e foi internado em enfermaria “Não Covid”. Somente após cerca de 15 min foi direcionado a um leito adequado no Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião (IEISS), mas devido à gravidade instalada o paciente evoluiu a óbito. Realizado PCR em todos os demais pacientes internados na enfermaria “Não covid”, dois pacientes apresentaram PCR + para covid-19 e está sendo realizada investigação epidemiológica de monitoramento e origem de contágio”.

Por fim, os órgãos relatam que todos esses problemas tem como principal motivo, justamente, a ausência de diálogos entre os responsáveis pelos governos municipais, estaduais e federais. 

Não se conseguiu obter documento direcionador formal de comunicação para articulação e organização de rede para o mínimo possível de construção de bases de apoio a rede de regulação de leitos no estado do Rio de Janeiro, assim como para redes de monitoramento das vigilâncias epidemiológicas do Estado e do Município, para avaliação pelas vigilâncias sanitárias municipal e estadual e de interlocução fundamental do apoio de monitoramento através das equipes de informação estratégica de vigilância em saúde do Estado e do Município do Rio, o que se faz indispensável, sobretudo em razão da nova variante oriunda de Manaus, e para garantia do direito coletivo à saúde e à vida não só dos pacientes de Manaus como também dos trabalhadores envolvidos no seu acolhimento e toda a população fluminense”.