O caso de tortura do menino de 11 anos que era mantido acorrentado dentro de um barril em sua residência em Campinas tem gerado forte comoção e revolta nos brasileiros. Após denúncias de vizinhos, uma equipe da Polícia Militar conseguiu resgatar a criança que foi encontrada em um cenário desolador, nua e com um quadro de desnutrição grave.
Na ação, a PM prendeu três pessoas suspeitas pelo crime de tortura: o pai do menino, a madrasta, e a filha dela. Os três tiveram a prisão em flagrante convertida em prisão preventiva nesta segunda-feira (01), após determinação do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). Um inquérito também foi instaurado para saber até que pontos órgãos como Conselho Tutelar, Cras e Caps tinham conhecimento do caso. Em entrevista coletiva, o responsável pelo Conselho de Campinas afirmou que o caso era monitorado há um ano, após denúncias, mas garantiu que nunca foi de conhecimento tamanha gravidade dos fatos, desconhecendo qualquer tipo de tortura.
Um fato curioso e que deixou policiais que participaram da operação revoltados foi que a madrasta do menino era conhecida por cuidar de animais abandonados. De acordo com informações da Polícia Militar, a associação não era regulamentada. Na casa onde o menino foi encontrado acorrentado, haviam vários cachorros espalhados pelo quintal.
“Cuida de cachorros e deixa uma criança presa numa situação que nenhum animal mereceria”, afirmou Mike Jason, 2º Sargento da Polícia Militar, que integrava a equipe que foi responsável por resgatar o garoto e prender os suspeitos.
“Na casa tinha uns sete cães, todos soltos ou no colo da mulher e da filha dela. Com pêlos brilhantes, coleira anti-pulgas, enquanto a criança estava acorrentada comendo casca de banana, fubá ou as próprias fezes”, disse o policial em tom indignado.
Estado de saúde
Pesando apenas 27 quilos, a criança se encontra internada no Hospital Ouro Verde, em Campinas, e está sob a tutela de uma tia paterna.
O garoto só deixará a unidade hospitalar após readquirir o peso ideal. Ele estava com desnutrição grave, não comia há dias, mas tem estado de saúde considerado bom, conforme informou a prefeitura do município paulista.
Em depoimento à polícia, registrado no boletim de ocorrência, o pai do menino afirmou que ele era muito agitado, costumava fugir de casa, por isso resolveu acorrentá-lo para educar o garoto. Se condenado, o homem pode pegar de 2 a 8 anos de prisão, enquanto as duas mulheres, por omitirem o caso, podem pegar de 1 a 4 anos.