Criado para movimentar a economia nacional e ser um verdadeiro alento na vida de milhares de brasileiros, o Auxílio Emergencial tem seu calendário de pagamentos se encerrando neste mês. Publicamente, o governo já enfatizou diversas vezes que não estenderá o benefício por mais tempo, tendo em vista os altos custos do programa. Contudo, uma declaração do presidente Jair Bolsonaro, dada na última quinta-feira (17), pode desencadear um cenário de reviravolta.
Durante a sua live semanal, o chefe do Executivo revelou que o governo não pagará o 13º salário aos beneficiários do Bolsa Família neste ano, e responsabilizou o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) pelo declínio, afirmando que o parlamentar fez com a medida caducasse.
Em entrevista ao blog da colunista Andréia Sadi, do Grupo Globo, Maia chamou o presidente de mentiroso e decidiu pautar para esta sexta-feira (18) a medida provisória que prorrogou o Auxílio Emergencial.
“Já que o governo quer o 13º do Bolsa Família, vão poder defender a medida na MP do auxílio”, disparou Maia.
Segundo Andréia Sadi, o grupo político do governo já está trabalhando para tentar reverter o cenário convencendo Maia a retirar o item da pauta.
Ouvido pelo blog, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), afirmou que como o relatório da MP ainda não está pronto e precisa ficar disponível 24 horas antes da votação, tudo indica que a pauta não será abordada nesta sexta-feira. Mas ele já busca alternativas para que Maia tire a pauta de vez, temendo que a MP seja discutida na próxima semana. O governo entende que o presidente da Câmara esteja atuando em tom de “retaliação” após a declaração de Bolsonaro.
Brecha para a prorrogação
O temor do governo acerca da votação da MP se dá justamente pelo fato dos riscos de uma nova prorrogação do Auxílio Emergencial. Há tempos, vários partidos de oposição cobram para que a MP do benefício seja discutida e votada na Câmara. Os partidos querem a extensão do programa, e anteriormente chegaram a brigar pela volta do valor de R$ 600 nas parcelas mensais.
Ainda de acordo com Sadi, a votação da MP é vista com olhos preocupantes por parte do governo, uma vez que a medida pode abrir a brecha para uma possível prorrogação do benefício em 2021. Diante disso, o governo terá de “colocar a cara” para dizer que não pode votar, trazendo desgaste político ao presidente Bolsonaro.