Candidato a prefeito é acusado de matar o próprio pai de 78 anos para encobrir outro crime

O pai do candidato já foi prefeito e estaria desconfiando do crime do filho antes de ser assassinado.

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O candidato a prefeito de Barra do Corda, no Maranhão, Manoel Mariano de Sousa Júnior, do PSC (Partido Social Cristão), mais conhecido como Júnior do Nézim, é acusado de ter matado o próprio pai, que foi prefeito da mesma cidade e o apoiou nas eleições de 2016, quando ficou em segundo lugar.

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Além disso, nas eleições 2020, Júnior disputa o cargo de prefeito com seu irmão, Rigo Teles, que é deputado estadual pelo PV (Partido Verde). Rigo, por sua vez, faz campanha com o apoio de um outro irmão, Pedro, acusado de matar um líder do movimento sem-terra.

Manoel Mariano de Souza, o pai de Júnior, foi morto com um tiro no pescoço a queima-roupa. Segundo a polícia, o tiro foi disparado a uma distância entre 5 cm e 30 cm.

Júnior contou a polícia uma versão sobre a morte do pai que continha contradições e logo o apontou como suspeito do crime. O candidato deveria ir buscar Manoel em sua casa naquele dia. Júnior declarou que ele e o pai precisavam conversar com um advogado da família, mas a polícia descobriu que na verdade Manoel queria ir com ele a uma fazenda fazer a contagem dos gados, que estavam sendo furtados pelo candidato, que por sua vez passou a fazer isso após se endividar na última campanha política.

Júnior disse em depoimento que o pai pediu que ele parasse o carro em uma estrada deserta para urinar e que antes de sair do carro, ele se virou para o lado da porta, mas os dois permaneceram conversando por cerca de quatro minutos. Júnior do Nézim diz não ter notado que o pai havia levado um tiro e achou que ele estava passando mal. Ligou para o advogado da família e disse que o pai passava mal e ao chegar na casa do operador de direito, percebeu que saia um pouco de sangue do ouvido do idoso. O advogado passou a dirigir seu carro naquele momento.

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Dali não chamaram resgate ou foram a um hospital: foram a um posto de gasolina pegar um motorista da família que assumiu o volante de seu carro e foi para uma UPA, mas o ex-prefeito chegou morto no local.

A polícia concluiu que Nézim matou o pai para evitar que o político descobrisse os furtos de gados. O Ministério Público declarou que os laudos da polícia informaram que o carro onde ocorreu o crime foi lavado e o banco traseiro retirado. Esse banco estaria encharcado de sangue. No dia da morte de Manoel, além de fazer a recontagem dos gados, o idoso teria contratado um vaqueiro para auxiliar no serviço. Além disso, as investigações constaram que de fato Nézim andava furtando os gados do pai.

Nézim foi preso no mesmo mês, dias após a morte do pai, como principal suspeito do crime. Permaneceu preso por quase dois anos, quando em outubro de 2019 obteve habeas corpus para aguardar o andamento do processo em liberdade.

Enquanto isso, o outro irmão de Nézim, Pedro, que apoia Rigo, também já esteve preso e foi condenado a 21 anos de prisão pela morte de um trabalhador rural sem-terra que teria invadido uma propriedade da família dos políticos. Está em liberdade desde 2019 graças a um habeas corpus.

A família de Nézim é rica e muito influente na política do Maranhão. Não há data para julgamento do caso de Júnior de Nézim e sua candidatura no site do TSE está com status de aguardando julgamento, ou seja, ainda não foi deferida.